segunda-feira, 29 de setembro de 2008

A falta do escuro

A falta do escuro
(Luiz Henrique Costa)

Eu quero ouvir o teu silêncio profano novamente
Sinto a falta que tua ausência me traz
És tu que equilibra meus sóis
És tu que acalma meu ser

Eu quero ouvir o que tem por trás de todo este movimento
E me encontrar no vazio da minha morada
És tu pra quem eu tanto faço perguntas
Como não nunca respondes, crio suas respostas

É quando eu pouco enxergo e mais tenho visões
É quando eu menos ouço e mais te escuto
É quando o único rítmo é o do meu coração
É quando uma única nota tem o poder de um trovão

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

I wanna be a VIP

I wanna be a VIP
(Luiz Henrique Costa)

Parking their cars in reserved areas
Their clubs are cooler and richer than yours
They are very important people
I wanna go to the VIP area

VIP... I wanna be a VIP too!

Wondering how to control your mind
Wondering how to destroy your diginity
If anybody stop then now
They will buy your freedon

Because I wanna be a VIP
I wanna meet the president
I wanna steal money frowm the state
To put in a bank in switzerland

PS: Todo mundo já tev 14 anos um dia
hehehehe

Set me free or let me die

Set me free or let me die
(Luiz Henrique Costa)

Set me fre or let me die
I won't let you crontrol meu life
I'm not yours and you are not mine

I've never thought it would be this way
When I asked you if I could break
Break the rules again
And take your life away

Don't ask me to stop now
I wanna live far away from you
I want you to get off now
Set me free or let me die

I'm wondering why
You're running out of time

Make me happy or let me cry
Let me ask you if I can try
Try to change your mind
To change the way you live

Now I'm against it all
I'm worried 'cause I can fall
I lost the battle
And now I'm losing the war

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

O cansaço

O cansaço
(Luiz Henrique Costa)

Cansei da fala sem canto
Cansei da dor sem pranto
Cansei do ar sem minhas asas

Cansei do ser sem si
Cansei do céu sem sol
Cansei da rosa sem amor

Cansei do campo sem lírios
Cansei dos homens sem vícios
Cansei da casa sem jardim

domingo, 7 de setembro de 2008

Sombra do imperativo

Sombra do imperativo
(Luiz Henrique Costa)

Faça das minhas palavras algo que possa ser reinterpretado
Faça da minha história algo que nem sempre possa fazer sentido
Faça do meu ver um eterno ciclo de criação de novos signos
Faça da minha memória um espelho côncavo da sua e da minha realidade

Vista roupas de época na estação errada
Seja mais um a se multiplicar na multidão
Ande olhando pro lados, mesmo que você siga em frente
Queria sempre mais do que você já pensou em ter um dia

Ouça aquela música desconhecida
Ouça uma música que não foi composta para você
Ouça o que você não pode compreender
Ouça os sons sem significados

Novos

Novos
(Luiz Henrique Costa)

Nova poesia
Novo sentimento
Novos eu e você

Esquecer o que passou
Relembrar o que marcou
Ser o que não se pode mais ser

Sou sensível a esta luz
Sou mais forte que a vontade
Sou leve e límpido como a água

Nova identidade
Nova forma de ver
Nova fonte pra beber

Novos eu e você

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Uns Dias

Uns Dias
(Herbert Vianna)

O expresso do oriente
Rasga a noite, passa rente
E leva tanta gente
Que eu até perdi a conta
E nem te contei uma novidade, quente
Eu nem te contei

Eu tive fora uns dias
Numa onda diferente
E provei tantas frutas
Que te deixariam tonta
Eu nem te falei
Da vertigem que se sente
Eu nem te falei

Que te procurei
Pra me confessar
Eu chorava de amor
E não porque eu sofria

Mas você chegou já era dia

E não tava sozinha
Eu tive fora uns dias
Eu te odiei uns dias
Eu quis te matar

Baby

Baby
(Mutantes)

Você precisa saber da Piscina,
Da Margarina, da Carolina, da Gasolina,
Você precisa saber de mim

Baby, baby, eu sei que é assim

Você precisa tomar um sorvete,
Na lanchonete, andar com a gente,
Me ver de perto
Ouvir aquela canção do Roberto

Baby, baby, a quanto tempo,
Baby, baby, a quanto tempo.

Você precisa aprender inglês,
Precisa aprender o que eu sei,
E o que eu não sei mais,
E o que eu não sei mais.

Eu sei comigo vai tudo azul,
Contigo vai tudo em paz,
Vivemos na Melhor cidade
Da América do Sul,
Da América do Sul.

Você precisa, você precisa...

Eu sei leia na minha camisa,
Baby, baby, I love You,
Baby, baby, I love You...

Brincando na avenida

Brincando na avenida
(Gabriel Mitsu/Luiz Henrique Costa)

O mundo inteiro já sabe
Que você constrói destruindo
Com requintes de armas de fogo
Atirando em tudo, em todos
E em mim

Oferece o brinquedo ao entrar
Na fantasia que mais lhe servir
Imaginando até onde é possível chegar
Com suas vontades e caprichos senis

Oh, criança, não aponte isso para mim
Este jogo pode matar
Me machucando, mesmo sem eu sentir

Alto lá, meu bem!
Mãos ao alto! - você disse
Cessar fogo! - supliquei

Mas sem me ouvir, logo disparou
E acertou o que queria
O lado esquerdo do meu peito
Caí de bruços em plena avenia

Um buraco chamado Beverly Hills

Um buraco chamado Beverly Hills
(Luiz Henrique Costa)

Caso perdido, declarado
Ao pé-do-ouvido, uma canção
Forço o esboço do teu rosto
Os teus cabelos, cachos de algodão

Pra que olhar o nada?
Levanto a voz pra dizer não
Destino meus ciúmes
Mesmo a pé, sempre em contramão

Como nuvens no céu
Penso em formas que ei de adotar
Lindos sonhos me vêem
Mas eu não consigo lembrar

Qual é o seu preço agora que você me tem?
Inverto os papéis
Já não sei quem é quem

Você não faz

Você não faz
(Luiz Henrique Costa)

Calou a boca
Se vestiu de mim
Poses para o espelho
Não caiu tão bem assim

Meus lábios vermelhos
Sua pele clara
Vestido novo de cetim

Roubo as palavras
Sigo sem sorrir
Apesar dos pesares
Não quero mais

Você não faz ninguém mais feliz

Você não entende nada

Você não entende nada
(Caetano Veloso)

Quando eu chego em casa nada me consola
Você está sempre aflita
Lágrimas nos olhos de cortar cebola
Você está tão bonita

Você traz a coca-cola, eu tomo
Você bota a mesa
Eu como, eu como, eu como, eu como, eu como você

Você não está entendendo nada do que eu digo
Eu quero ir embora
Eu quero dar o fora

E quero que você venha comigo
Todo dia, todo dia
E quero que você venha comigo

Eu me sento, eu fumo, eu como
Eu não aguento
Você está tão curtida
Eu quero tocar fogo nesse apartamento
Você não acredita

Traz meu café com suita, eu tomo
Bota a sobremesa, eu como
Eu como, eu como, eu como, eu como
Você

Tem que saber que eu quero é correr muito
Correr perigo
Eu quero ir embora
Eu quero dar o fora

E quero que você venha comigo
Todo dia, todo dia
Traga a coca-cola quer eu tomo
Eu tomo
Bota a sobremesa, eu como

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Desacordado

Desacordado
(Luiz Henrique Costa)

Dito e feito
Não há mais o que perder
Ainda quero você pra me ensinar
E me convencer da minha própria obsessão
E de tudo que eu não quis viver

Seja como for
Quero te encontrar
Desejos meus
Será que a sós estaremos melhor?
Posso te ver?

Os dias se passam
E a hora acabou
O tempo ocioso só me faz dormir
Não me acorde se eu não te pedir por favor

Horizonte

Horizonte
(Luiz Henrique Costa)

Me peça pra ser
E ter um quê de você
Mal posso esperar
Pra chegar a um destino qualquer

Encontro a luz
Que brilha na escuridão
Conheço o princípio do fim
Escolho entre o bem e o mal

Não há o que fazer
Se não pronunciamos mais
As únicas palavras
Que nos dariam a chave
Para um outro final
O que fazer?

Junto minhas coisas
Mas tudo parece igual
As cores se fundem entre si
No horizonte, um jardim surreal

Agora sou

Agora sou
(Luiz Henrique Costa)

Espero me perder
Importar-me mais com o que?
Agora sou mais eu aqui

Vivo de longe a te ver
Palavras não vão até aí
Não sou mais o que sou

O que eu fui?
Pra aonde vou?

Mais de você, eu quero sim
Mas não consegue perceber
Onde foi que eu errei?

Esperando o sol se pôr
A luz se transpassa por mim
Um novo dia se acabou

E um outro vai chegar
E terá o mesmo fim

Voltar

Voltar
(Luiz Henrique Costa)

Quis entender
As coisas que você me diz
Do que eu fiz, me arrependi
Você nem sabe o quanto

Não entendo mais
O que podia entender
Pessoas me fazem sofrer
Não confio em quem podia

Não controlo mais
Deixei me levar
Tentei voltar atrás
Em círculos, voltei pra cá
Voltei por que queria
Te encontrar

Portas

Portas
(Luiz Henrique Costa)

Agora já não sei
Por que assim não dá
Não pareço estar em meu lugar
Palavras correm em minha boca
Não aprendi a me calar

Eu pulo muros, sigo caminhos
Portas que não dão no mesmo lugar
E conto as quedas, caio sozinho

Canto uma música para animar você
As noites frias me remetem à alma
Na escuridão
Lembro de você me dizendo que não

Mas que certezas?

Mas que certezas?
(Luiz Henrique Costa)

Primeiro beijo que omiti
O vinho fresco a secar
O céu e terra por demolir
Em passos curtos, pareço empacar

Mas que certezas?
Eu corro pra lá e pra cá
Em letras tortas
O peota sem indagar

Questiono a fé que não senti
Arrependido, quero mudar
Em teus lençóis, eu quero dormir
E amanhecer tão devegar

Mais que diabos!
São tantas as linhas para apagar
Assumo que pequei
Teu corpo parece gostar

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Segunda-feira

Segunda-feira
(Luiz Henrique Costa)

Já passou da meia-noite em meu relógio
A cidade não está cheia, mas ainda se movimenta
Acho que ela nunca pára
Acho que ela não pode parar

Minha mente segue o ritmo dos carros nas ruas
Dou a partida e logo estou num novo lugar
E em pouco tempo me faltam dedos para contar
Quantas voltas já dei entorno das mesmas questões

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Estranho manifesto

Estranho manifesto
(Luiz Henrique Costa)

O verbo inquieto
Que repete a ação
A ordem inexata das polissilábicas
Criam e destróem as velhas formas

Talvez eu precise de tempo para destruir
Talvez as cores precisem de mais tons
Ou de mais ou menos brilho, de acordo com a estação

Pela última vez: me deixe pintar
Deixe-me pintar a mim mesmo
Não quero criar o perfeito
O imperfeito é, também, imortal

É assim que eu faço: eu dito a regra
E a regra não é meu limite
Eu dito a regra do ir e vir
Da ação e da reação
Assim como a causa está para o efeito

Quero sair dessa linha, desses traços
Quero voar parada o horizonte
Desta janela estranhamente conhecida como caos

O que me importa é a sua beleza
O que me nutre é a sua alegria
O que me corrói, força a minha cura

domingo, 1 de junho de 2008

Perfil

Texto retirado do livro "A linguagem secreta dos aniversários - Perfis de personalidade conforme o dia de nascimento"
de Gary Goldshneider e Joost Elffers
Editora Campus.


As pessoas nascidadas no dia 7 de junho não apenas conhecem a opinião do público, mas, muitas vezes, estabelecem a moda para seu ambiente social ou familiar. Essas pessoas vívidas podem ser pouco práticas ou sonhadores pouco confiáveis, mas, certamente, sabem realizar os desejos e pensamentos dos demais. Na verdade, sua confiança e seu carisma podem levar a decepções, no sentido de que podem ser escolhidos para desempenharem papéis inadequados para eles. Entretanto, se chegarem a alcançar uma aprovação da sociedade como um todo, têm o que é necessário para cativar as pessoas com seu charme sedutor. Muitas vezes, esse talento é utilizado de maneira natural, inconscientemente, e não calculada.


Para terem sucesso duradouro é muito importante que mergulhem profundamente na vida, não se satisfazendo em ficar na superfície. Com freqüência considerados superficiais, precisam expandir seu horizonte para além dos aspectos materiais da vida, como roupas, carros, casas e dinheiro. Isso será um fator primordial para determinar se podem ou não fazer amizades profundas e assumir compromissos importantes. Se se recusarem a buscar uma base mais profunda para sua vida, em geral fracassam repetidamente em estabelecer intimidade em seus relacionamentos pessoais. Os nascidos nesse dia podem não ser conscientes das suas deficiências até que, algum dia, alguém com quem realmente se importam os alerta, talvez de maneira
não muito gentil.



Normalmente, a "linguagem" na qual os nascidos em 7 de junho são especialistas é decididamente a não-verbal, podendo, ainda, não ser especilmente intelectual. A linguagem visual e corporal lhes é natural, assim como a linguagem do amor. Seu desejo de seduzir as pessoas, de modo literal ou figurado, corresponde à habilidade que têm para fazê-lo. Essa sedução pode assumir tanto a forma física quanto verbal. Infelizmente, o que significa muito para os demais pode ser para pessoa de 7 de junho meramente um desejo passageiro. Por isso, é grande sua capacidade de decepcionar.


Às vezes, os nascidos no dia 7 de junho podem mostrar tendeências a um comportamento ostensivamente bizarro. Na maioria das vezes, isso é um desfarce inofensivo; talve estejam apenas experimentando uma nova atividade ou modo de expressão, como alguém que experimenta um chapéu novo. Na verdade, os nascidos no dia 7 de junho são dos mais divertidos do ano - o que é especialmente verdade quando são anfitriões.


As pessoas nascidas no dia 7 de junho são, sem dúvida, tipos sensuais e físicos, que desfrutam de todas as formas de movimento e contato corporal. Além disso, adoram chocar as pessoas e fazer brincadeiras. Acima de tudo, desprezam pessoas pretenciosas, que assumem ares superiores. Mesmo quando extremamente bem-sucedidos, orgulham-se de manterem a naturalidade e de permanecerem em sintonia com os tempos atuais. Entreter é, provavelmente, o que lhes dá mais satisfação, quer atuando, quer apreciando a atuação de outras pessoas.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Na rua

Na rua
(Luiz Henrique Costa)

Ando na rua olhando para os lados
Presto atenção nos novos rostos
E em tudo o que acontence

Acho que é por curiosidade
Curiosidade por tudo o que me insere
E onde estou contido

Algumas pessoas não se veêm
Passam fitando seus sapatos
Medindo seus ponteiros
Seguindo seu próprio rumo

terça-feira, 20 de maio de 2008

Vontade

Vontade
(Luiz Henrique Costa)

Sou atração e retração
Quero o desgosto
Gosto quando não quero

Minha imaginação deu asas à minha vontade
Vontade cega que quer ser reconhecida
Vontade sem razão compreendida em si mesma

Vivo aqui dentro e não por dentro
Por dentro não há luz
Não há como saber

Vivo sem roteiro
Respiro sem motivo
Me sinto dirigido
Em múltiplas direções

Tudo bem

Tudo bem
(Luiz Henrique Costa)

Mais uma idéia subaproveitada
Amontoram-se palavras
E perdeu-se o nexo

À minha frente, o branco do papel:
Minha falência na síntese das cores

Tudo que eu tinha pra dizer
Eu usei contra mim mesmo
Antes que alguém o fizesse

E eu o fiz por medo e preguiça
Medo de começar um novo incêndio
E preguiça de ter de apagá-lo

Mesmo assim está tudo bem
Eu acabei não dizendo nada
E está tudo bem

terça-feira, 13 de maio de 2008

Amor

Amor
(Luiz Henrique Costa)

amor é vício de linguagem
é metáfora gasta
ferro oxidado

amor é senso comum
alguns encontram-no em corpo
outros escondem-no em espírito

amor é cego
ouve pouco
e fala muito

amor aparece como fruto
de uma bela árvore
concebida ao acaso

amor é feito de medo
amamos em nome do medo da falta

amor é intensificado pela diversidade
quanto mais temos
mais amamos

amor é referencial
depende do mais próximo

amor é monocromático
é quente
é vermelho intenso que fadiga

a fadiga é temporária
o amor não tem calendário

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Na madruga

Na madruga
(Luiz Henrique Costa)

É madrugada mais uma vez. Não ouço mais nada, além da voz incerta em minha cabeça a pensar.
Não foi um dia cheio. Nada aconteceu.
Mas quis escrever; estava com saudades.
Estava e ainda estou.

Estou, pois não te reencontrei, e porque ainda posso sentir teu suor ardente em tudo que vejo.

Que engraçado! Não há nada teu aqui. Eu te vejo mas não te encontro.
Não há provas de que você tenha existido. Ninguém sabe que eu te sei.

Mas lembro como se fosse hoje. Hoje - esta fosca madrugada. Hoje, depois da pontual meia-noite.

Como eu te disse: sem o sol, ouço melhor as lembranças, e logo encontro teu cheiro dentre os odores monótonos desta esquecível noite irreluzente que paira sobre minha inconstante alma.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Não há ninguém aqui

Não há ninguém aqui
(Luiz Henrique Costa)

Por que este banho demorado, se amanhã vai chover?
Por que os risos, se não há ninguém aqui?
Pra que esta culpa, se só você pode sentir?

Pra que tantos dentes, se eu só quero um beijo?
Pra que dinheiro, se teu custo é tão baixo?
Pra que os retrados, se perdeste a memória?

Guarde suas explicações, pois as parades não querem ouvir agora.
Não economize o tempo; ele sempre acabada mais cedo.
Não tente prever; o futuro só habita o imaginário.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Texto em brasa #1

Texto em brasa #1
(Luiz Henrique Costa)

Feliz atitude de estar, participar e conquistar; gritar em coro para impor meu lugar. Lugar que eu estou, lugar que eu sei.

Mistérios atrás do que penso: mente rica em subdesenvolvimento. Clarões e faíscas de sanidades vagam nos momentos de consciência forçada. Sou pobre de vínculos, sou rico de espírito, sou o Santo Empírico, sou alma inquieta. Escureço em brasas.

São palavras simples, são repetições que se fixam. Me fixo ao momento. Estou preso em tudo que eu sei, inclusive naquilo que aprendi e ainda não entendo. Sou isso: a busca pelo entendimento interpretado pela minha ignorância.

O estilo é copiado e ligeiramente adaptado. Não explica nada, apenas preenche com letras o vazio da mente. Não proporciona significados, não trás o amor em três dias e nem faz lembrar o sentimento simples e verdadeiro que foi sentido naquele livro.

Ando leve, quase correndo. Fácil de ir de um lado ao outro: do calculávél ao indivisível, do preto ao branco, dos tons puros ao mais irritante ruído. Escrevo ruídos, crio o ruído no pensamento.

Sou duro e busco ser maleável. Sou mamífero e tento voar; cato penas para o meu cocar. Aproveito-me da sua língua para escrever. Quero ver você dando voltas na linha de raciocínio que eu escondi. Você lê, mas só eu posso entender. Você também pode entender; é só se imaginar em mim.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Versos nus

Versos nus
(Luiz Henrique Costa)

Então veio o vento
E dispersou minhas sombras
Minha alma se jogou pela janela

Meus versos nus
Sem acertos ou consertos
Apenas idéias e imagens

O céu indica o infinito
E todas suas possibilidades
Aquilo que ainda não imaginei

Teu som me trouxe uma nova canção
Imprimiu uma nova emoção
Emoção que não sei descrever

O instante iluminou a sala por segundos
Pude me ver de fora pra dentro
Estranhei-me por horas

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Momento neutro

Momento neutro
(Luiz Henrique Costa)

Tudo em órbita. O relógio e suas tantas voltas. Não saí do lugar, apenas dei passos desencadeados - pegadas aleatórias. Horas recheadas de opacidade. O ponteiro aqui ou ali - tanto faz -, a luz acesa ou apagada - não importa!

Ainda faltam algumas horas para nada fazer. Faz um tempo que falto com meu próprio eu. Eu, o tempo e minhas faltas nos encarando em tardes cinzas através de olhares que fitam o teto, em desentendimento.

Lembranças vieram-me numa tentativa de o passado se tornar presente - em vão. Logo penso em mim e renego; critico o que passou e o que me formou. Eu-ontem versus eu-hoje. Perco e volto zero. Prendo-me ao momento neutro no qual nada faço e já não sei mais se creio naquilo podia: nos próximos degraus - meus próximos passados, os próximos momentos de dúvida e agonia.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Carnaval

Carnaval
(Luiz Henrique Costa)

Chegou o carnaval. O que é o carnaval? O carnaval sou eu? O carnaval está em você? A partir de que pode se medir um Carnaval? É tempo de exaltar uma felicidade facilitada - será que é real? O carnaval é real? Você é você no carnaval? O carnaval é fingir ser?

Forjo a alegria e me entristeço quando um súbito espasmo de consciência ataca meu ser; daí, percebo que tudo não vai passar de quarta-feira. Será que eu me sinto bem? ou apenas estou sentindo o que todos aparentam sentir? Isso é se sentir bem?

A solidão física não me amedronta. A solidão psíquica, esta sim é meu pior pesadelo - uma tentiva em vão de questionar um comportamento comum: um elo perdido na multidão. E, num instante, todos parecem agir de acordo com o ritmo da música. Uma única música - aquela que eles não escolheram. Uma música para fugir: fuga incessante do significado. Aquela rua onde eu passo, desavisado, todos os dias agora é meu palco, meu picadeiro, minha inconsciência em êxtase - e sua também - no ápice do não-semântico. Eu e você em carne num instante sem hora; o querer pelo querer numa satisfação sem necessidade.

sábado, 26 de janeiro de 2008

Novos olhos

Novos olhos
(Luiz Henrique Costa)

Preciso de novos óculos - um par novo de olhos. Quero ver novamente a cena que passou; desta vez de um outro ângulo. Quero o seu olhar e sua visão: saber se você pensa o mesmo que eu.

Preciso de um novo dia - uma nova tentativa. Quero errar novamente. Quero estar convicto do meu erro para tentar acertar no dia seguinte.

Quero uma casa nova - uma nova rotina. Preciso de novos muros, novas portas e janelas para abrir. Preciso de uma nova vista para o mundo.

Quero uma nova língua. Preciso de fonemas para expressar minha nova lógica.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Amigo

Amigo
(Luiz Henrique Costa)

Me ouça - mesmo que não você me entenda
Sorria! - mesmo que minha felicidade não te contagie
Me apóie
Por favor, me apóie
Me abrace
Eu te agradeço

Seja sincero - ponha as cartas sobre a mesa
Traga boas novas
Eu te pago uma cerveja
Me acolha com um sim, um afago e nada mais
Fique comigo, ao meu lado, amigo

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Disfarce mudo

Disfarce mudo
(Luiz Henrique Costa)

E se fosse mais um dia assim?
Por que forças querem me atrair
Em processos ao me ver sentir?
Destreza, clareza
À loucura nos levou

E se não sou mais eu quem quer?
Não faço esforços por ninguém
E se eu disse coisas?
Acho que quero sim
Fazer deste momento
Só mais uma farsa pra mim

Rio, Rio

Rio, Rio
(Luiz Henrique Costa)

Deu nos jornais: acabei de chegar
Eu quero ser parte dele
Rio, Rio

Meus pés vão de encontro ao mar - a orla
E só sairão quando o sol for embora
Para provar que sou o rei desta praia - o maioral

O samba no morro está fervendo
Para contar a velha história
Do antigo bairro que agora é favela

Rio,
Te compreender
Só depende de mim

Rio, Rio

domingo, 6 de janeiro de 2008

Discurso

Discurso
(Luiz Henrique Costa)

Discurso pronto
Certezas enfáticas
Súbitas dúvidas
Verdades sórdidas
Detalhes íntimos
Intenções melhores

Andar trôpego
Vazio incessante
Vícios adiante
Cura temporária

Verbos tensos
Vogais abertas
Linhas tênues
Abismo abaixo

Sonhos tolos
Vontades passageiras
Breve satisfação

Falas ativas
Ouvidos passivos
Olhares entediados
Tato à flor da pele

Problemas em série
Motivos concisos
Soluções negadas
Vida que segue

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Diário

Diário
(Luiz Henrique Costa)

Pensei em dizer tudo que sinto
Oh! Mas o que pensarão?
Como agirão quando vier à tona
que quero cuspir em seus rostos miseráveis?
Eu sei o que procuram
São tão previsíveis quanto o entardecer
Acho que farei inimigos
Me empurrarão para as margens do convívio
Serei um eterno bandido

Hoje eu não quero escrever

Hoje não quero escrever
(Luiz Henrique Costa)

Hoje não quero escrever
Não tenho nada a dizer
Não encontrei inspiração

O telefone não pára de tocar
Tenho louça para lavar
E idéias pela metade

Hoje não vou escrever
Esqueci o que ia comentar
E antes que pudesse lembrar
As contas deste mês venceram

Hoje não quero pensar
Não tenho tempo a perder