A poesia é medo e sedução
Esconderijo e alto-falante
Em silêncio, ela amplifica aqulio que está intocado mas relutante
Sem tirá-lo, porém, do lugar
Ó, poesia, és tu mesma
O estetoscópio dos loucos e dos não-médicos
Respira: uma fobia
Expira: uma paranoia
Grunhe: uma arma
Grita: aquilo que te salva
A poesia tá ali, no núcleo: inlocalizável e impermanente
Mistura-se a tecidos, órgãos, bactérias, glóbulos brancos
E a vida que não é ser: é vírus
Ser desprovido de metabolismo próprio
Mas que já vem com plural
A poesia é bela
Segue, quando quer, padrões estéticos.
Gosta de partilhar o sensível
Ao mesmo tempo em que enfoca, esconde
Ela rega e degola; encontra e perde
Sabe e omite
Mente mas aponta o caminho
Escrever é jogar-se fora
Na calçada
Na rua
Na sarjeta
O poeta é o tipo do cara que entope o ralo
Que traz o esgoto à tona
Que mexe com o lixo
O poeta entendeu, desde cedo
Que o lixo da mente é o luxo na da alma.
sábado, 22 de julho de 2017
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