Momento neutro
(Luiz Henrique Costa)
Tudo em órbita. O relógio e suas tantas voltas. Não saí do lugar, apenas dei passos desencadeados - pegadas aleatórias. Horas recheadas de opacidade. O ponteiro aqui ou ali - tanto faz -, a luz acesa ou apagada - não importa!
Ainda faltam algumas horas para nada fazer. Faz um tempo que falto com meu próprio eu. Eu, o tempo e minhas faltas nos encarando em tardes cinzas através de olhares que fitam o teto, em desentendimento.
Lembranças vieram-me numa tentativa de o passado se tornar presente - em vão. Logo penso em mim e renego; critico o que passou e o que me formou. Eu-ontem versus eu-hoje. Perco e volto zero. Prendo-me ao momento neutro no qual nada faço e já não sei mais se creio naquilo podia: nos próximos degraus - meus próximos passados, os próximos momentos de dúvida e agonia.
quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
segunda-feira, 28 de janeiro de 2008
Carnaval
Carnaval
(Luiz Henrique Costa)
Chegou o carnaval. O que é o carnaval? O carnaval sou eu? O carnaval está em você? A partir de que pode se medir um Carnaval? É tempo de exaltar uma felicidade facilitada - será que é real? O carnaval é real? Você é você no carnaval? O carnaval é fingir ser?
Forjo a alegria e me entristeço quando um súbito espasmo de consciência ataca meu ser; daí, percebo que tudo não vai passar de quarta-feira. Será que eu me sinto bem? ou apenas estou sentindo o que todos aparentam sentir? Isso é se sentir bem?
A solidão física não me amedronta. A solidão psíquica, esta sim é meu pior pesadelo - uma tentiva em vão de questionar um comportamento comum: um elo perdido na multidão. E, num instante, todos parecem agir de acordo com o ritmo da música. Uma única música - aquela que eles não escolheram. Uma música para fugir: fuga incessante do significado. Aquela rua onde eu passo, desavisado, todos os dias agora é meu palco, meu picadeiro, minha inconsciência em êxtase - e sua também - no ápice do não-semântico. Eu e você em carne num instante sem hora; o querer pelo querer numa satisfação sem necessidade.
(Luiz Henrique Costa)
Chegou o carnaval. O que é o carnaval? O carnaval sou eu? O carnaval está em você? A partir de que pode se medir um Carnaval? É tempo de exaltar uma felicidade facilitada - será que é real? O carnaval é real? Você é você no carnaval? O carnaval é fingir ser?
Forjo a alegria e me entristeço quando um súbito espasmo de consciência ataca meu ser; daí, percebo que tudo não vai passar de quarta-feira. Será que eu me sinto bem? ou apenas estou sentindo o que todos aparentam sentir? Isso é se sentir bem?
A solidão física não me amedronta. A solidão psíquica, esta sim é meu pior pesadelo - uma tentiva em vão de questionar um comportamento comum: um elo perdido na multidão. E, num instante, todos parecem agir de acordo com o ritmo da música. Uma única música - aquela que eles não escolheram. Uma música para fugir: fuga incessante do significado. Aquela rua onde eu passo, desavisado, todos os dias agora é meu palco, meu picadeiro, minha inconsciência em êxtase - e sua também - no ápice do não-semântico. Eu e você em carne num instante sem hora; o querer pelo querer numa satisfação sem necessidade.
sábado, 26 de janeiro de 2008
Novos olhos
Novos olhos
(Luiz Henrique Costa)
Preciso de novos óculos - um par novo de olhos. Quero ver novamente a cena que passou; desta vez de um outro ângulo. Quero o seu olhar e sua visão: saber se você pensa o mesmo que eu.
Preciso de um novo dia - uma nova tentativa. Quero errar novamente. Quero estar convicto do meu erro para tentar acertar no dia seguinte.
Quero uma casa nova - uma nova rotina. Preciso de novos muros, novas portas e janelas para abrir. Preciso de uma nova vista para o mundo.
Quero uma nova língua. Preciso de fonemas para expressar minha nova lógica.
(Luiz Henrique Costa)
Preciso de novos óculos - um par novo de olhos. Quero ver novamente a cena que passou; desta vez de um outro ângulo. Quero o seu olhar e sua visão: saber se você pensa o mesmo que eu.
Preciso de um novo dia - uma nova tentativa. Quero errar novamente. Quero estar convicto do meu erro para tentar acertar no dia seguinte.
Quero uma casa nova - uma nova rotina. Preciso de novos muros, novas portas e janelas para abrir. Preciso de uma nova vista para o mundo.
Quero uma nova língua. Preciso de fonemas para expressar minha nova lógica.
segunda-feira, 14 de janeiro de 2008
Amigo
Amigo
(Luiz Henrique Costa)
Me ouça - mesmo que não você me entenda
Sorria! - mesmo que minha felicidade não te contagie
Me apóie
Por favor, me apóie
Me abrace
Eu te agradeço
Seja sincero - ponha as cartas sobre a mesa
Traga boas novas
Eu te pago uma cerveja
Me acolha com um sim, um afago e nada mais
Fique comigo, ao meu lado, amigo
(Luiz Henrique Costa)
Me ouça - mesmo que não você me entenda
Sorria! - mesmo que minha felicidade não te contagie
Me apóie
Por favor, me apóie
Me abrace
Eu te agradeço
Seja sincero - ponha as cartas sobre a mesa
Traga boas novas
Eu te pago uma cerveja
Me acolha com um sim, um afago e nada mais
Fique comigo, ao meu lado, amigo
quarta-feira, 9 de janeiro de 2008
Disfarce mudo
Disfarce mudo
(Luiz Henrique Costa)
E se fosse mais um dia assim?
Por que forças querem me atrair
Em processos ao me ver sentir?
Destreza, clareza
À loucura nos levou
E se não sou mais eu quem quer?
Não faço esforços por ninguém
E se eu disse coisas?
Acho que quero sim
Fazer deste momento
Só mais uma farsa pra mim
(Luiz Henrique Costa)
E se fosse mais um dia assim?
Por que forças querem me atrair
Em processos ao me ver sentir?
Destreza, clareza
À loucura nos levou
E se não sou mais eu quem quer?
Não faço esforços por ninguém
E se eu disse coisas?
Acho que quero sim
Fazer deste momento
Só mais uma farsa pra mim
Rio, Rio
Rio, Rio
(Luiz Henrique Costa)
(Luiz Henrique Costa)
Deu nos jornais: acabei de chegar
Eu quero ser parte dele
Rio, Rio
Meus pés vão de encontro ao mar - a orla
E só sairão quando o sol for embora
Para provar que sou o rei desta praia - o maioral
O samba no morro está fervendo
Para contar a velha história
Do antigo bairro que agora é favela
Rio,
Te compreender
Só depende de mim
Rio, Rio
domingo, 6 de janeiro de 2008
Discurso
Discurso
(Luiz Henrique Costa)
Discurso pronto
Certezas enfáticas
Súbitas dúvidas
Verdades sórdidas
Detalhes íntimos
Intenções melhores
Andar trôpego
Vazio incessante
Vícios adiante
Cura temporária
Verbos tensos
Vogais abertas
Linhas tênues
Abismo abaixo
Sonhos tolos
Vontades passageiras
Breve satisfação
Falas ativas
Ouvidos passivos
Olhares entediados
Tato à flor da pele
Problemas em série
Motivos concisos
Soluções negadas
Vida que segue
(Luiz Henrique Costa)
Discurso pronto
Certezas enfáticas
Súbitas dúvidas
Verdades sórdidas
Detalhes íntimos
Intenções melhores
Andar trôpego
Vazio incessante
Vícios adiante
Cura temporária
Verbos tensos
Vogais abertas
Linhas tênues
Abismo abaixo
Sonhos tolos
Vontades passageiras
Breve satisfação
Falas ativas
Ouvidos passivos
Olhares entediados
Tato à flor da pele
Problemas em série
Motivos concisos
Soluções negadas
Vida que segue
quinta-feira, 3 de janeiro de 2008
Diário
Diário
(Luiz Henrique Costa)
Pensei em dizer tudo que sinto
Oh! Mas o que pensarão?
Como agirão quando vier à tona
que quero cuspir em seus rostos miseráveis?
Eu sei o que procuram
São tão previsíveis quanto o entardecer
Acho que farei inimigos
Me empurrarão para as margens do convívio
Serei um eterno bandido
(Luiz Henrique Costa)
Pensei em dizer tudo que sinto
Oh! Mas o que pensarão?
Como agirão quando vier à tona
que quero cuspir em seus rostos miseráveis?
Eu sei o que procuram
São tão previsíveis quanto o entardecer
Acho que farei inimigos
Me empurrarão para as margens do convívio
Serei um eterno bandido
Hoje eu não quero escrever
Hoje não quero escrever
(Luiz Henrique Costa)
Hoje não quero escrever
Não tenho nada a dizer
Não encontrei inspiração
O telefone não pára de tocar
Tenho louça para lavar
E idéias pela metade
Hoje não vou escrever
Esqueci o que ia comentar
E antes que pudesse lembrar
As contas deste mês venceram
Hoje não quero pensar
Não tenho tempo a perder
(Luiz Henrique Costa)
Hoje não quero escrever
Não tenho nada a dizer
Não encontrei inspiração
O telefone não pára de tocar
Tenho louça para lavar
E idéias pela metade
Hoje não vou escrever
Esqueci o que ia comentar
E antes que pudesse lembrar
As contas deste mês venceram
Hoje não quero pensar
Não tenho tempo a perder
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