segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Um grito

Um grito
(Luiz Henrique Costa)

Devaneios sem cessar
Repetidos no mais breve silêncio
À beira do deslumbre, fostes te banhar
Para livrar-se dos males vigentes
E despertar-me com teus calafrios
Sussurros intensos sem a intenção de me acordar

E foi o que me fez lembrar
Do suor denso e frio
Que vinha do teu corpo em meu leito ao deitar

E foi o que me fez dizer
Que não sou como o luar
Feito de brilho intenso refletido no mar

E foi o que me fez calar
O dito e não dito
A que com um grito
Eu quisera tanto por um fim

Ladeira abaixo

Ladeira abaixo
(Luiz Henrique Costa)

Quisera eu saber porque estou aqui
Entender de onde vim - e parei
Pudera eu julgar e ser feliz
Separando o que é bom do que é ruim
Eu sempre corro devagar
Ladeira abaixo - sem fim
Me dê uma droga para poder me livrar
Do céu e inferno que passaram por mim

Sete chagas

Sete chagas
(Luiz Henrique Costa)

Se toda rosa é uma flor
E todo espelho reflete o estado de tristeza e rancor
Abaixo de mim, o chão
Escolho o santo que me ajude a entender
Os prós e contras
Me faça esquecer
Motivos que se somam tão diferentes a dois

Se minha mente é um deserto
Estagnado, imprensado
Não estou aberto a discussões

As sete chagas do amor
Todas as lendas que você me contou
Ressoam forte em tudo que eu faço
Ainda posso te ouvir

Por todos ditados que me fizeram crescer
Ainda conto as partes que restam de mim
Sem planos por baixos dos panos
Mas ainda me sentindo ferir

De longe a te olhar
Te contemplar ao sorrir
Ainda vou te esperar
Mal vejo a hora de ir

Último bolero

Último bolero
(Luiz Henrique Costa)

Não me consola mais
Ver tua imagem distorcida num velho retrato
O doce perfume em tua roupa conservado
Que eu tanto prezei em guardar

Mas se eu tiver de aceitar
Meus pés dançando o último bolero
No final da festa, condenado pelo clero
Lembro-me da tortura que foi ao saber

Um pouco mais de limbo em meu copo vazio
Além do amargo; boca a trincar
Espero a sorte sem despedidas
Arranco o medo de revidar

Medindo forças com a vida
"O quão profundo quero estar?"
Razão tão forte em frases compridas
Meu único sonho se fez voar

Se

Se(Luiz Henrique Costa)

Se paro e penso, sou sensato
Se te olho, às vezes não lhe vejo
Se conheço muito, sou um sábio
Se não compreendo - um estúpido

Se me calo, fico mudo
Se te calo, só eu falo
Se discuto demais, sou estressado
Se descanso - um vagabundo

Se jogo, é com um baralho
Se eu perco - fui trapaceado
Se eu quero falar, falo mais alto
Se não quero ouvir, acompanho seus lábios

Se acreditei, fui enganado
Se errei, estava dopado
Se sorri, talvez tenha sido forçado

Mais um trago

Mais um trago
(Luiz Henrique Costa)

Não cheguei para ficar
Eu só quero lhe oferecer
Algumas doses de minha euforia
Um encontro com o anoitecer

Quantos copos! - já todos vazios
Da sala ao quarto, tropeço em vão
Minha voz atravessou as paredes
Que sustentavam meu corpo pagão

"Só mais um trago" - é tudo que eu peço
Pra não ouvir seus motivos tristonhos
A histeria que um dia foi minha
Não lembrarei até a última estação

E que mal eu fiz?
Não tenho ouvidos para sermões
Mais uma noite, menos um dia
O acordar sem lembranças
Da alegre criança
Um vazio em comum

Definição

ESTRANHO, adj. Estrangeiro; que é de outro lugar; externo; anormal; esquisito; misterioso; admirával; alheio; s. m. indivéduo estrangeiro ou de fora; desconhecido que não pertence a uma corporação ou família. (Do lat. extraneu).

LIRISMO, s. m. Caráter de poesia lírica; qualidade de lírico, sublime ou sentimental; subjetivismo poético; entusiasmo; sentimentalismo.